Os Certificados de Operações Estruturadas (COEs) vêm ganhando cada vez mais destaque entre os investidores brasileiros que buscam alternativas de investimento com retorno potencial acima da renda fixa tradicional. No entanto, apesar de atraentes, eles também envolvem riscos que precisam ser compreendidos antes de qualquer decisão.

Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que é um COE, quais são seus principais riscos e em quais situações ele pode ou não ser adequado para o seu perfil de investidor.

O que é um COE e como ele funciona

O COE é um título emitido por instituições financeiras que combina características de renda fixa e de renda variável em uma única aplicação. Ele é estruturado para oferecer ao investidor um retorno atrelado ao desempenho de um ou mais ativos — que podem ser índices da bolsa, ações, moedas, commodities ou taxas de juros.

Na prática, o COE é formado por dois componentes principais:

  1. Parcela de proteção (renda fixa): é a parte do investimento usada para garantir, total ou parcialmente, o valor aplicado no vencimento.
  2. Parcela de risco (renda variável): é direcionada à estratégia que busca gerar o ganho adicional, conforme a variação do ativo de referência.

Com isso, o investidor pode ter acesso a mercados mais sofisticados com valores acessíveis e uma estrutura definida de retorno e prazo.

Tipos de COE: com e sem proteção do capital

Antes de entender os riscos, é fundamental saber que existem dois tipos principais de COE:

  • COE com capital protegido: garante que o investidor receberá de volta, no vencimento, o valor inicial investido, mesmo que o ativo de referência tenha desempenho negativo.
  • COE sem capital protegido: nesse caso, o investidor pode perder parte ou até a totalidade do valor aplicado, dependendo do desempenho do ativo.

Essa diferença é crucial. Muitos investidores acreditam que todo COE é seguro, mas nem sempre é assim — tudo depende da estrutura escolhida e do emissor.

Os principais riscos de investir em COEs

Embora o COE possa parecer uma aplicação segura e diversificada, ele não está livre de riscos. A seguir, estão os principais pontos de atenção.

1. Risco de crédito do emissor

O COE é emitido por bancos. Isso significa que, se a instituição financeira enfrentar dificuldades e não conseguir honrar o pagamento, o investidor poderá perder seu capital. Além disso, o COE não conta com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), o que aumenta a importância de escolher emissores sólidos e confiáveis.

2. Risco de liquidez

Normalmente, o COE tem prazo fixo, que pode variar de meses a anos. A saída antes do vencimento é limitada, e, se houver necessidade de resgate antecipado, o investidor pode enfrentar deságio ou dificuldade para vender o título no mercado secundário. Por isso, é essencial aplicar apenas o valor que não será necessário no curto prazo.

3. Risco de mercado

O retorno do COE está diretamente relacionado ao desempenho do ativo de referência. Caso o cenário esperado não se concretize — por exemplo, uma desvalorização das ações ou uma mudança cambial desfavorável — o ganho pode ser nulo ou inferior ao de investimentos mais conservadores.

4. Complexidade da estrutura

Os COEs possuem estruturas sofisticadas, muitas vezes difíceis de compreender integralmente. Os cálculos de rentabilidade podem envolver barreiras, multiplicadores e condições específicas de observação. Essa complexidade exige atenção redobrada e, preferencialmente, acompanhamento de um assessor de investimentos.

5. Risco de retorno limitado

Mesmo que o ativo de referência apresente grande valorização, o COE pode ter um teto de ganhos pré-definido. Assim, o investidor não aproveita todo o potencial de alta do mercado. Essa limitação deve ser considerada na comparação com investimentos diretos em ações ou fundos.

O perfil ideal para investir em COEs

O COE pode ser uma boa alternativa para quem:

  • Busca diversificação além da renda fixa tradicional;
  • Deseja acessar mercados internacionais ou estratégias complexas com valores menores;
  • Está disposto a aceitar algum nível de risco em troca de maior potencial de retorno;
  • Entende e aceita que pode não ter liquidez antes do vencimento.

Por outro lado, o COE não é recomendado para investidores com perfil extremamente conservador, que priorizam liquidez e previsibilidade.

Como reduzir os riscos

Para investir de forma mais segura, algumas práticas são essenciais:

  1. Avalie o emissor: verifique a solidez do banco e seu histórico no mercado.
  2. Leia o termo de estruturação: entenda as condições, prazos, barreiras e possíveis cenários de retorno.
  3. Verifique se o capital é protegido: essa informação é fundamental para saber o que esperar em caso de desempenho negativo do ativo.
  4. Diversifique seus investimentos: nunca concentre grande parte do seu patrimônio em uma única operação estruturada.
  5. Considere a tributação: o COE segue as mesmas regras de imposto de renda da renda fixa, com alíquotas regressivas conforme o prazo.

COE x outros tipos de investimento

Comparado à renda fixa, o COE pode oferecer retornos mais altos, mas com maior incerteza. Já em relação à bolsa de valores, ele pode proporcionar uma forma de exposição mais controlada ao risco.

Portanto, o COE é um meio-termo entre a segurança dos títulos de renda fixa e o potencial de valorização da renda variável — desde que o investidor esteja consciente de que, dependendo da estrutura, pode haver perdas.

Conclusão

Investir em COEs pode ser uma estratégia interessante dentro de uma carteira diversificada, principalmente para quem deseja explorar novas oportunidades de mercado sem precisar investir diretamente em ativos complexos.

Contudo, é fundamental compreender os riscos de crédito, liquidez e mercado antes de aplicar. A decisão deve ser baseada no perfil do investidor, no horizonte de tempo e nos objetivos financeiros de longo prazo.

Em resumo, os investimentos de coes são opções que combinam inovação e sofisticação, mas que exigem cautela e informação. Antes de investir, entenda bem o produto, simule os cenários possíveis e conte com orientação profissional para garantir escolhas mais seguras e alinhadas à sua estratégia financeira.